terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Se a bola não entra, a culpa é de quem: Toscano ou Adilsão?


Na análise mané do jogo contra a galera do supermercado, dei aquela corneteadinha no Marcelo Toscano, em função das oportunidades perdidas. Vale dizer que nem foram tantas oportunidades assim, nossos meias não tem sido um primor na criação de jogadas, tanto que nossos gols têm saído quase sempre em jogadas de bola parada, o problema que prejudica a avaliação de Toscano, é que as oportunidades que ele teve foram claras.
Nisso, muita gente tem contestado o Adilsão na sua insistência em manter o Toscano como titular, enquanto outros atacantes estão no elenco e poderiam ser testados também.

Contudo, entretanto, porém e todavia, analisemos com um pouco mais de critério o misterioso caso do rapaz que não faz jus a lendária camisa de Albeneir.
Sabemos bem desde 2005/2006, que o Adilsão gosta de invencionices. Na sua mão, Edmundo – que talvez os mais novos não lembrem, mas começou bastante contestado pela falta de gols – desandou em balançar as redes ao ser um pouco recuado, vindo de trás ao invés de atuar como um atacante clássico. Além de criar muitas oportunidades para o Adriano Imperador do Estreito, o aproveitamento do animal também cresceu muito após a modificação tática. Com Adilsão, Marquinhos Paraná só não jogou de goleiro. Já fez de lateral, meia, volante, zagueiro e até atacante. Nosso treineiro gosta de jogadores versáteis, que possam cumprir mais de uma função no jogo. Deste modo, ele – teoricamente - teria a possibilidade de mudar a concepção tática do time no decorrer da partida, sem precisar sequer efetuar alterações no elenco, apenas reposicionando os jogadores e tentando, com isso, desconsertar a marcação adversária. Uma tática que deu muito certo no Scarpelli em 2006. Carlos Alberto jogava de meia, de volante e de ponta direita. Vez ou outra, Rodrigo Souto fazia de terceiro zagueiro pela direita, para que o Carlos Alberto pudesse despejar suas velozes arrancadas em cima das laterais esquerdas dos nossos adversários, contando ainda com o apoio do Soares. Nosso lado esquerdo, com Cícero, Marquinhos Paraná e Fininho, tinha uma movimentação enorme, eram rápidos e extremamente agudos no ataque. Todos tinham futebol para atuar como meia-esquerda, lateral, ponta e segundo atacante. Em qualquer um dos casos, centralizado estava o Schwanke, que além de atuar como um 9 clássico, era muito combativo na disputa de bola com os adversários.

Analisando o primeiro trabalho do Adilsão na Avenida Santa Catarina, fica fácil de percebermos que ele está buscando alguma coisa parecida com isso, mas em função das peças que tem a sua disposição, está encontrando mais dificuldades do que provavelmente imaginou que teria antes de entregar sua carteira profissional para o RH do Figueira.
Maylson não é Carlos Alberto.

Gerson Magrão não é Marquinhos Paraná.
Danilinho não é Soares.

Saci não é Cícero.
Ronaldo Tres está a três galáxias de distância do Rodrigo Souto.

E, mesmo que o Schwanke nunca tenha sido um primor de qualidade técnica, o Toscano tem penado para se parecer com nosso antigo camisa 9.
Do atual elenco, o único que talvez brigasse por uma vaguinha naquele time seria o Tinga. Talvez.

Ao tentar replicar a bem sucedida fórmula do passado, Adilsão se prejudica pela qualidade do atual elenco.
Marcelo Toscano não é um atacante ruim, mas tem sido.

Olhando um vídeo dos gols do rapaz, percebe-se que pelos clubes por onde passou e teve algum sucesso, nosso atual camisa 9 sempre jogou como centro-avante, o cara centralizado, posicionado entre a zagueirada adversária.
Vestindo a mais bela camisa do mundo, Toscano tem jogado com funções táticas diferentes da que ele jogava nos times em que teve sucesso. Toscano, hoje, atua muito mais como um cara que está em campo para segurar a subida dos laterais adversários, do que como um camisa 9 de fato.

Podemos reclamar da pontaria do menino, não da sua vontade. Toscano se movimenta, cai para os lados do campo, tenta abrir espaços, mas como nossa criação não anda muito criativa, o rapaz tem recebido poucas oportunidades. Nas que recebeu, estava caindo pelas laterais. Mesmo no gol perdido no clássico, ele vinha de uma infiltração em diagonal, sendo que sua característica era a penetração(ui) vertical.
Adilsão sabe disso, e por este motivo não sacou o rapaz do time. É provável que nos treinos sempre secretos, ele tenha percebido que Héber, Eliomar e Cia, não teriam características técnicas de participarem tão ativamente do sistema tático que está tentando implantar no Scarpelli, onde a movimentação deve ser a tônica, ninguém tem posição fixa e o atacante é o primeiro a marcar.

Isso pode vir a dar certo, mas na tentativa de fazer funcionar, acaba que o Adilsão está sacrificando a principal função do nosso camisa 9: fazer gols.
Pode ser que, num 4-4-2 clássico, com o Toscano mais centralizado e o Héber caindo por uma das laterais, o rapaz desande a fazer gols. Ou não, vai saber.

Contudo, entretanto, porém e todavia, antes de sairmos corneteando o menino, vamos dar  crédito pela sua dedicação e voluntariedade. Ok, dos atacantes queremos gols, mas o rapaz está cumprindo a risca o que determina o Adilsão. Dá pra reclamar de muita coisa do Toscano, menos da sua aplicação tática.
Agora, a única coisa que não pode acontecer é o Adilsão demorar demais para se dar conta de que as peças que tem hoje nas mãos, são bem diferentes das que tinha em 2006. Aquele sistema era ótimo, confundia os adversários e fizemos jogos espetaculares (quem não abre um sorrisão automático ao lembrar do acachapante 6 x 1 no Palmeiras?), mas não dá para fazer tainha frita jogando as postas numa frigideira cheia de doce de leite.

E, talvez, este seja o grande desafio do nosso treineiro, colocar em campo um esquema tático efetivo, que respeite as características das peças que hoje estão disponíveis.
A bola tá contigo, Adilsão, esperamos que, diferente do Toscano, tu faças o gol.

Saudações Alvinegras!

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